Tratamento de dependências: como detetar e agir

Há vários tipos de dependências.

Luísa Santos29 Jan 2020
O primeiro sinal capaz de denunciar uma eventual dependência é a negação, o ter a certeza de que não se é dependente de nada ou ninguém. Cada caso é um caso e deve ser analisado por especialistas, ainda que possas compreender como se identificam estas "doenças".

As dependências mais comuns e como as identificar

Independentemente do nome que lhes possamos dar, a verdade é que estamos a falar de vícios que podem não ser necessariamente de droga ou outras substâncias químicas. Há situações com as quais privamos diariamente que, por si só, também representam dependências.

Quando falamos destes vícios, referimo-nos a alguém que não consegue viver sem determinada coisa, pessoa ou situação. As dependências são perigosas não só para quem as experiencia, como também para as pessoas mais próximas e que lidam diariamente com essas situações.

Obviamente que não estamos a comparar "um lado com o outro", mas a verdade é que este tipo de vícios deve ser analisado da forma mais abrangente possível, para que a identificação do mesmo e posterior tratamento sejam bem sucedidos.

Quais são as dependências mais comuns?
Seja a dependência do tipo que for, a verdade é que existe uma característica que todas partilha: a perda de controlo. A pessoa que está viciada em algo ou alguém não reconhece que o está, enfrentando grandes dificuldades em gerir o seu dia-a-dia e a realidade em que vive.

A pessoa dependente não consegue fazer juízos de valor nem prever as consequências da suas ações, que acabam por afetar todas as áreas nas quais a mesma está envolvida (família, trabalho, estudos, entre outras). Os tipos de dependências mais comuns são os que se seguem:

  • Álcool;
  • Drogas;
  • Jogo (online ou offline);
  • Alimentar (bulimia, anorexia ou obesidade);
  • Compras (gastar dinheiro em algo);
  • Sexo.

Estes são apenas alguns dos exemplos das variações que as dependências podem assumir. Ainda que estejamos mais habituados a ouvir falar de situações de toxicodependência ou alcoolismo, a verdade é que estes não são os únicos vícios que existem.

Uns podem ser físicos, mas os psicológicos também existem e podem ser tão maus ou piores, dependendo da situação. Há pessoas que se viciam em substâncias, como é o caso das drogas, mas outras que são viciadas, por exemplo, numa outra pessoa - não a deixando nunca em paz.

Em casos extremos, estas dependências podem assumir circunstâncias realmente graves, pelo que é importante que as mesmas sejam identificadas o quanto antes de forma a não prejudicarem a saúde dos indivíduos dependentes.



Como identificar uma situação de dependência
As situações de toxicodependência ou alcoolismo são, talvez, ligeiramente mais simples de identificar, isto porque falamos de algo físico, que é consumido sem qualquer controlo. O mesmo acontece com dependências alimentares, quando pessoas começam a comer em excesso ou a não comer de todo face às circunstâncias em que se encontram.

Mas, e como já referimos, também as situações de dependência emocional existem e devem ser valorizadas. Na maior parte das vezes, essas relacionam-se com outras pessoas (ou com a perda recente de alguém próximo), mas não têm de, necessariamente, acontecer sempre dessa forma. Por isso, os sintomas mais facilmente identificáveis nesses casos são os seguintes:

  • Dificuldade em tomar decisões (simples ou complexas) autonomamente;
  • Dificuldade em discordar do outros, com medo de rejeição;
  • Colocar-se sempre em "segundo lugar" face à pessoa de quem está dependente;
  • Não conseguir fazer nada sozinho e depender de outra pessoa para as tarefas mais simples; 
  • Incapacidade de se sentir bem sozinho;
  • Ciúmes exagerados;
  • Exigências que levam outra pessoa a estar sempre por perto;
  • Dificuldade em fazer amizades ou manter outros relacionamentos.

Independentemente do vício, este cresce de forma gradual até sair do controlo da própria pessoa. Esta é uma situação muito frequente em situações de jogo, por exemplo, em que a indivíduo só se sente bem quando satisfaz a vontade em jogar.

É importante procurar ajuda nesse tipo de casos, como aquela que o Instituto de Apoio ao Jogador (IAJ) oferece, já que este é considerada ou dependência tão ou mais grave do que aquelas que existem com o álcool ou drogas.

No fundo, as dependências são isso mesmo. A incapacidade de "estar bem" longe das mesmas e só se sentir melhor quando se vai de encontro ao vício. Emocional ou física, é essencial que a condição seja identificada e tratada rapidamente para não atingir patamares irreversíveis.

As implicações para a saúde são reais e podem, em alguns casos, conduzir à morte de alguém. Esta é uma situação frequente no tratamento da toxicodependência, por exemplo, ainda que existam várias clínicas no país (e fora dele) prontas para prestar a ajuda necessária.

Seja o indivíduo dependente de droga, do jogo ou de alguém, o mais provável é que, a certa altura, perca o controlo da situação - ainda que esteja convencido do contrário. Apesar de tudo, é importante que as pessoas que o rodeiam estejam atentas e alertem a pessoa para as consequências dos seus atos.

Nesses casos, a ajuda profissional é altamente aconselhada, assim como o aconselhamento psicológico que a deverá anteceder. Ninguém deve abandonar um vício sozinho, já que isso pode conduzir a implicações graves.
Autor
A paixão pelas palavras acompanha-a desde sempre e a curiosidade por aquilo que não sabe leva-a a verbalizar todas as perguntas. É Licenciada em Ciências da Comunicação, com especialização em Jornalismo, e Mestre em Multimédia. Escrever mais e melhor será sempre o seu maior objetivo.
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